A decadência dos Estaduais




Deixando de falar do Campeonato Paulista, quero, na verdade, falar dos campeonatos  Estaduais.
Como sempre, no começo do ano, eles começam. 
Apesar dessa rotineira agenda, as coisas já não são como era há 30 ou 40 anos atrás.

A disposição do futebol brasileiro, se não está mudando, precisa mudar, acompanhar a modernidade e a troca de valores das coisas. Por isso a perda de importância dos estatuais é cada vez maior.

Eu sempre fui a favor deles e contra aqueles que os atacavam.

Ainda mais por ser paulistano e corintiano e, por conseguinte, estar envolvido no estadual mais disputado e de melhor nível do país, sei a rivalidade sadia, a dificuldade que representa o Campeonato Paulista, que completa 110 anos de existência este ano. É um campeonato gostoso de ganhar.

Quem vence o Paulistão tem time, em muitos casos, pra vencer outros campeonatos na temporada. É um excelente "termômetro".

Por exemplo, nos 3 últimos anos os campeões paulistas venceram outras competições: Corinthians em 2009 conquistou a Copa do Brasil. O bicampeão Santos venceu a Copa do Brasil em 2010 e a libertadores em 2011.

Simplesmente não se pode comparar o Campeonato Paulista com outros estaduais, mas, se comparado com competições nacionais, tanto na importância do título como o nível da competição, ele fica bem abaixo, e este é o problema.
Mas não seria um erro, uma covardia, querer comparar um estadual com um campeonato nível nacional? Eu acho que não, pois devemos nos espelhar nos melhores modelos e não em modelos inferiores; só assim se evolui.

O maior problema é que as mudanças da Copa do Brasil para 2013 (que eu já falei aqui) colocaram, definitivamente, todos os estaduais em cheque. 

O futebol brasileiro caminha cada vez mais para uma nacionalização em detrimento dos regionalismos. 

Principalmente por isso, o advento da Super Copa do Brasil, eu finalmente dou o braço a torcer para jornalistas como Juca Kfouri, por exemplo. 

Por seu ataque aos estaduais, em especial ao Paulista, que ele trata desrespeitosa e pejorativamente por `paulistinha`, é que comecei a me opor a ele.

Mas tenho que admitir que hoje concordo com sua crítica. Principalmente tratando-se de Campeonato Paulista. 
Ter 20 times na disputa, numa loooonga primeira fase, uma fase de quartas, é um EXAGERO! Além da queda de nível de futebol, de gramados horríveis e perigosos, de arbitragem semi-amadora, o elevado número de partidas é uma tortura para os jogadores, uma verdadeira máquina de triturar seus músculos. Eles não são hamsters!

Nesse momento, enquanto os campeonatos carioca e gaúcho se encaminham para a metade da disputa, o Paulista tem muuuito chão pela frente. Justamente por isso o Corinthians, por exemplo, tem mais riscos de contusões, de desgastes de seus jogadores para o Campeonato Brasileiro do que o Grêmio de Porto Alegre.

No entanto, Juca Kfouri dedicou-se a criticar. Nunca o vi apresentar soluções de verdade. Aí fica fácil, né QueFuro?
Deve ser pensada uma solução para melhorar estas competições, pois estes campeonatos são importantes para massa de torcedores que adora derrotar seus arqui-rivais. Deve ser pensada, pois é preciso ter futebol no primeiro semestre!

A solução já existiu e foi até ensaiada no Paulista de 2002, por exemplo.
Acho que a solução é dar um upgrade nos estaduais que seriam ampliados para CAMPEONATOS REGIONAIS.


CAMPEONATOS REGIONAIS



Eles já existem ou existiram, mas de forma desorganizada e irregular.
O Rio-São Paulo foi o primeiro. Criado em 1933, sofreu várias e várias interrupções.
O Sul-Minas surgiu em 1968 e também não houve continuidade e/ou interesse.
O campeonato do Nordeste voltou agora em 2010 e não se sabe se vingará. Assim com a Copa centro Oeste e a Copa Norte cujas edições não somam mais que seis temporadas.

Apesar de muita gente não gostar nem de ouvir falar em acabar com os estaduais, é preciso frisar: não estou querendo que eles acabem, mas que evoluam; o futebol do primeiro semestre subirá de nível com campeonatos regionais.

Mas qual a maior dificuldade em promover a voltar definitiva desses campeonatos e extinguir os estaduais?
São as federações estaduais que NUNCA abririam mão das receita$ gerada$ em $eu$ campeonatos.
Para o bem do futebol, bem do atleta e a elevação do nível dos jogos do primeiro semestre, a CBF poderia intervir de maneira organizada e reguladora para que tudo desse certo. Esse é o papel do órgão máximo do futebol em nosso país.
O que seria, então, das federações estaduais? O que aconteceria com elas?
Sei lá.
Mas poderia-se estudar um bom papel para que não sejam extintas.

E como seriam estes Campeonatos Regionais?
Os fatores responsáveis pelo fracasso dos antigos regionais foram:
- a força das federações e a tradição dos estaduais.
- a organização descentralizada.
- e a errônea divisão dos campeonatos.

Acho que tudo está conspirando contra estes fatores.
Os estaduais estão perdendo a força. Vê-se pelo pouco público, pouca audiência que atraem, bares vazios etc, pela desvalorização do título em si e a opção de times que estão em campeonatos mais importantes, participar com seus reservas. Logo, as federações ficarão cada vez mais fracas. Ou seja, no primeiro item, a força das federações e a tradição dos estaduais ficam seriamente abaladas.
No quesito organização, o erro foi deixar que os Regionais se apresentassem uma forma de organização independente um do outro. A organização deve vir da CBF que, sem o dinossauro Ricardo Teixeira logo mais, pode vir a ser uma instituição que realmente se preocupe com a evolução do futebol brasileiro. 
Mas e a disposição das regiões do futebol? Ela pode ser melhor?
Sim.

NOVOS REGIONAIS, NOVO MAPA DO FUTEBOL 



Como demonstrado no mapa acima, acho que a divisão do Brasil em regiões futebolísticas deve ser mudada a fim de equilibrar e balancear as disputas.
A mais radical deve ser no Sudeste.

Por exemplo, se usada a mesma disposição de regiões que o Brasil usa na sua divisão política, o nível de um Campeonato do Sudeste com o nível do Campeonato Sulista seria muito díspar. O Campeonato do Sudeste contaria com 10 times grandes enquanto que o sul com, digamos, 4 grandes.

Por isso acho que deve-se colocar os clubes do estado de São Paulo para jogar com os do sul. O campeonato do sudeste seria então RJ, MG e ES. Aí sim seria muito mais equilibrado.
O ideal seriam no máximo 16 clubes por campeonato, afim de que não fiquem muito longos e desgastantes para o atleta.

Nessa configuração com 16 times, por exemplo, na Copa Sul, poder-se-ia dispor as vagas da seguinte maneira:

- 4 vagas para RS
- 2 para SC
- 3 para o PR
- e 7 para SP

A distribuição de vagas deve ser feita pela importância, tamanho, torcida, títulos e, sobretudo, tradição no futebol de cada time, de cada estado. Por isso SP contaria com mais clubes, por ter mais tradição em futebol que os demais.

Seria muito doido poder jogar mais com os Chorolados para sacramentar a freguesia e o choro....heheheh. Já a porcada se pela de medo com esta mudança, pois a idéia de  jogar contra o Coritiba mais vezes no ano seria terrível! Do mesmo modo o 5PFC teme um GIGANTE chamado Avaí.

Assim, no Campeonato do Sudeste poderia ficar 7 vagas para RJ, 6 para MG e 3 para ES. E assim vai.

Para os times menores criar-se-ia as subdivisões sem problemas e eles jogariam nos mesmos moldes do Campeonato Regional da primeira divisão. Sim, porque os times menores NÃO PODEM ACABAR! O futebol brasileiro nasce de suas bases, e aliás, o nível aumentaria também para estes clubes e eles poderiam ter um ambiente mais eficaz para desenvolver seu futebol. 

Quanto ao modelo do campeonato seria uma outra discussão.

Enfim...

Fica lançada a idéia. Não interessa se ela é nova ou não. Só o que interessa é deixar que o futebol brasileiro evolua e seja cada vez melhor para todo mundo.

;)


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